segunda-feira, 14 de julho de 2014

Rescaldo do Mundial de Futebol

Lá se foi o Mundial de Futebol. 

Éramos crianças com cromos da panini na mão e caderneta dobrada em tubo no bolso. Sonhávamos levar, no nosso peito, o escudo nacional aos palcos do mundo. Éramos uns miúdos e o nosso desejo era orgulhar os pais, as gentes do nosso bairro, a malta do nosso povo. 
Crescemos em altura e em idade, e o futebol nunca nos levou aos grandes jogos do mundial. Não faz mal, contentamo-nos com a posição de espectador. Custa-nos ver o símbolo da FIFA. Fingimos por noventa minutos que aquilo não interessa, porque só queremos regressar aos sonhos de infância e juventude. Depois do jogo continuamos a luta contra as federações corruptas que empobrecem o mundo dos povos. 

Há quem goste mesmo de futebol, e nesses a apreciação faz-se pela qualidade de quem joga. Fases ofensivas, defensivas, transições. Contenção, cobertura, compensação. Jogar entrelinhas, dentro do bloco, fora do bloco, dar largura e profundidade, linhas juntas, equipa compacta, tabelinhas, corre e fixa o adversário, liberta a bola no momento certo, no sítio certo. Técnica, criatividade, conhecimento do jogo. Quem gosta mesmo de futebol desejava e ardia pela vitória da Mannschaft Alemã. Quem joga com Müller, Kroos, Götze, Lahm, Özil e Hummels só pode vencer merecidamente o maior troféu de futebol à escala mundial. 

Assim que soou o apito inicial da final do mundial de futebol de 2014, veio-nos à cabeça: É a Argentina! 
Caramba! É a Argentina! A alviceleste! É aquele país onde está a fantástica Buenos Aires! É a país da prata. É a Argentina das mulheres bonitas. É Argentina do tango! Versão de fado com sensualidade. Argentina do Comandante Ernesto Guevara de la Serna! É a Argentina dos desenhos de Quino. É a Argentina que entoa Carlos Gardel! Caramba! É a Argentina das Malvinas! É a Argentina dos argentinos. É a Argentina do deus Maradona. Argentina do Diego Armando Maradona. Argentina do El Pibe Maradona. É a Argentina de Pablito Aimar, Javier Saviola, Nicolás Gaitán, Ezequiel Garay e Enzo Pérez. É também a Argentina de Lucho González. É verdade. Lionel Messi. É a Argentina dos génios canhotos. A Argentina MM. Argentina Maradona e Messi

E é assim. A cabeça diz-nos Alemanha. O coração fala-nos em Argentina, Argentina, Argentina. Mas ganhou a Alemanha. Parabéns à melhor equipa. Um grande abraço aos companheiros argentinos: para mim serão sempre os maiores. Trata-se da Argentina dos meus sonhos de criança.


1 comentário:

Rogério G.V. Pereira disse...

Sou um misero apanha bolas, não dá para me empolgar nem desgostar

Mas gosto da Cristina
e desgosta-me a pressão
sobre a Argentina