A humanidade realizou conquistas prodigiosas no domínio da ciência e da técnica. A vida é hoje totalmente diferente do que era na Atenas de Péricles. Mas o homem do Século XXI não é melhor nem mais inteligente do que eram - apenas dois exemplos - Platão e Aristóteles. O homo sapiens contemporâneo, com as suas virtudes, vícios e aspirações, não difere muito na sua capacidade de amar, sentir e lutar do ateniense do século V A.C., ou do cidadão de Jerusalém da época de Jesus.
O homem novo, por ora, continua a ser uma aspiração, um ser mítico, utópico. O aparecimento rapidíssimo na Rússia de Ieltsin de milhões de homens antigos, com todos os estigmas do capitalismo, requer reflexão.
A transição do capitalismo para o socialismo será muito mais lenta do que Karl Marx previu.
(...)
Sei que a minha vida útil se aproxima do fim. Mas o meu compromisso como comunista não é com o calendário e sim com os princípios e valores pelos quais me bati – o ideário que conferiu sentido à minha aventura existencial.
Vejo como ingénua a esperança de que as revoluções futuras sejam obra dos movimentos sociais. O espontaneismo não faz história profunda. A luta de classes continua a ser o motor da História. E é ao partido revolucionário marxista-leninista de novo tipo que cabe liderá-la como vanguarda.
No momento não estão criadas as condições subjetivas para revoluções socialistas no futuro imediato. Mas o capitalismo não tem soluções para salvar da destruição o seu monstruoso projeto de dominação universal. Está condenado a desaparecer. Entrou já num lento processo de implosão.
A maré da luta de classes sobe. E a convergência de muitas lutas em muitos países será fatal para o capitalismo.
in Sobre a Questão do Estado, por Miguel Urbano Rodrigues.
1 comentário:
Todas as vidas úteis se aproximam do fim. Das ditas úteis, são umas mais que outras e a do Miguel é tanto...
Enviar um comentário