"Numa época em que todos passam o pé, eu dizia a mim mesmo que ao menos aquela mulher seria sólida como a terra, sobre a qual podemos construir ou deitarmo-nos. Teria sido belo recomeçar o mundo com ela numa solidão de náufragos."(O Golpe de Misericórdia, página 88, Marguerite Yourcenar)
Um livro que se lê num só dia, e que fiz por prolongar mais um bocado num deleite de quem só quer adiar o fim. Não sendo particularmente apreciador de obras românticas, deixei-me levar, desprevenido, por esta tragédia de adolescentes que se encontravam num clima complicado, em total desespero alucinante. Contudo, o que me agarrou como leitor foi a profundidade psicológica que caracteriza os dois protagonistas principais. É uma extraordinária obra da escritora belga.
A situação que nos é descrita é anedótica e absurda. Abundante em contradições inteligentes, ao mesmo tempo que nos alicia com uma escrita carregadinha de humanidade.
A escritora, no seu prefácio, recomenda que nos devemos concentrar "(...) no valor do documento humano, e não político (...)"que o livro tem. Não me foi difícil fazê-lo. A escrita passou-me por cima do resto.
1 comentário:
Os livros escritos por mulheres, conseguem isso!
...mas separar o valor humano do político
é suspeito, no mínimo
(suspeitar ainda não é um juízo)
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