segunda-feira, 21 de julho de 2014

Monty Python (maioritariamente)

Depois de um dia inteiro a fazer algo inútil, penoso e absurdo, a noite foi preenchida no cinema com o espectáculo dos Monty Python em directo desde Londres. Mais de três horas que souberam a pouco e que me restituíram temporariamente um bem-estar...
Porque a vida ser bem absurda
E a morte a palavra final
Você deve sempre encarar a cortina com uma saudação
Esqueça seu pecado - dê à plateia um sorriso
Desfrute-a - essa é sua última oportunidade mesmo
O contraste entre as duas fases do dia enfatizaram, durante o visionamento espectáculo, uma reflexão existencialista - tema implicitamente recorrente neste blog e em Monty Python. Se alguém pensa que eles são um amontoado de sketchs ridículos sem nenhum sentido, então desengane-se (apesar de ser verdade!). Entre o nonsense surgem frases e/ou sátiras de profunda crítica a tudo o que é relativo à vida. O tom leviano e mundano como dizem as coisas, como se tudo o que falam não tivesse qualquer importância é, ainda hoje, algo refrescante; pois as coisas têm importância, e ao contrário do que é predominante na TV, eles vão além da actualidade sem caírem num vazio de crítica e/ou um descomprometimento niilista.

Monty Python, no final de O Sentido da Vida, concluem o sentido da vida em meia dúzia de palavras e mandam-nos desandar [Piss off]. Noutra cena, de outro filme, e que escolheram para terminar o espectáculo desta noite, o que alguns vêem somente uma provocação gratuita, as palavras da letra foram escolhidas com critério, demonstrando em síntese o que este post tentou transmitir.

Quero dizer - o que você tem a perder?
Você sabe, você vem do nada
Você está voltando para o nada
O que você perdeu? Nada!

2 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Espero que o dia de hoje tenha sido menos penoso

Há um ensinamento que passa ao lado dessa última quadra: ela não se dirige a quem tenha feito opção de classe, ela é mesmo dirigida à burguesia. Sabia?

Bruno disse...

Não diria que a quadra passa ao lado. Diria antes que passa do outro lado, no pólo oposto, da relação dialéctica de que trata.

Mas não sei se estaremos a falar da mesma coisa.

E agora reparei. À primeira vista poderia achar que a quadra sugere que não importa quais sejam as nossas opções de vida, mas vendo bem, a quadra é neutra quanto a isso.

Duvido da sanidade de que quem tenha feito opção de classe e não tenha dúvidas quanto ao valor dela.