Porque tento escrever algo se não preciso e nem sei se tenho algo para dizer? No entanto, cá estou, escrevendo. Não me interessa somente um motivo, um foco ou algo que importe e valha a pena passar a palavras. Interessa-me, sim, o motivo, o foco, aquilo que mais importa. Há quem diga que escrever ajuda a compreender e que o acto obriga a estruturar as ideias. Confesso: escrevo como exercício de busca. Escrever ajuda-me a compreender o que busco.
Mas se tenho disponibilidade porque não escrevo mais? Se calhar não busco compreender coisa alguma, caso contrário, com tanta disponibilidade, teria a tese escrita em vários tomos. Mas se não escrevo como exercício de uma busca, então porque o faço quando o faço? E concluo que escrevo quando não tenho disponibilidade para o fazer!
Talvez esteja aqui o foco, aquilo que importa passar a palavras.
(escrevo muitas vezes como um solista de Jazz improvisando sem qualquer destino e sem adivinhar se surge tensão ou resolução)
Percebi!
É uma fuga. A escrita surge como fuga. Um fazer isto invés daquilo. Não é uma procura, uma busca, e isso muda muita coisa. O foco. A posição do foco: ele passa a estar atrás e não à frente. Buscamos o que está adiante. Fugimos do que está atrás. O motivo? Medo. A busca é curiosidade. A fuga é medo.
Preciso de recapitular.
A busca era uma ilusão e não um impulso da curiosidade. Fujo para perceber? Estranho! Sempre se estranha a novidade. Mas faz sentido. E não faz.
(na música as resoluções surgem normalmente como respostas mas nesta jam não)
Segundo Galeano a Utopia é como o horizonte e nos serve para caminhar. Damos dez passos em frente, e o horizonte dez passos se distancia. A caminhada prosseguiria eternamente. Ele ou eu, um de nós está errado. O que nos faz caminhar é o medo e não a utopia. Caminhamos dez passos em frente e logo atrás o medo com dez passos nos persegue.
Andamos a medo. É a nossa maior força motriz. O caminho faz-se fugindo. A curiosidade e a utopia são um álibi da fuga.
Escrito isto, compreendi que escrevo enquanto fujo. Compreendi mesmo?
(sem rumo delineado as notas que foram tocadas dão mote às que virão)
Perdi-me! Se soubesse porque escrevo talvez não tivesse escrito isto. Talvez não escrevesse de todo.
Mas se tenho disponibilidade porque não escrevo mais? Se calhar não busco compreender coisa alguma, caso contrário, com tanta disponibilidade, teria a tese escrita em vários tomos. Mas se não escrevo como exercício de uma busca, então porque o faço quando o faço? E concluo que escrevo quando não tenho disponibilidade para o fazer!
Talvez esteja aqui o foco, aquilo que importa passar a palavras.
(escrevo muitas vezes como um solista de Jazz improvisando sem qualquer destino e sem adivinhar se surge tensão ou resolução)
Percebi!
É uma fuga. A escrita surge como fuga. Um fazer isto invés daquilo. Não é uma procura, uma busca, e isso muda muita coisa. O foco. A posição do foco: ele passa a estar atrás e não à frente. Buscamos o que está adiante. Fugimos do que está atrás. O motivo? Medo. A busca é curiosidade. A fuga é medo.
Preciso de recapitular.
A busca era uma ilusão e não um impulso da curiosidade. Fujo para perceber? Estranho! Sempre se estranha a novidade. Mas faz sentido. E não faz.
(na música as resoluções surgem normalmente como respostas mas nesta jam não)
Segundo Galeano a Utopia é como o horizonte e nos serve para caminhar. Damos dez passos em frente, e o horizonte dez passos se distancia. A caminhada prosseguiria eternamente. Ele ou eu, um de nós está errado. O que nos faz caminhar é o medo e não a utopia. Caminhamos dez passos em frente e logo atrás o medo com dez passos nos persegue.
Andamos a medo. É a nossa maior força motriz. O caminho faz-se fugindo. A curiosidade e a utopia são um álibi da fuga.
Escrito isto, compreendi que escrevo enquanto fujo. Compreendi mesmo?
(sem rumo delineado as notas que foram tocadas dão mote às que virão)
Perdi-me! Se soubesse porque escrevo talvez não tivesse escrito isto. Talvez não escrevesse de todo.
Pensei em parar e deixar-me apanhar. Mas o pior medo é aquele que desconhecemos ter medo. E com este texto dei outros dez passos em frente. Outros dez passos ouço atrás!
Galeano ou eu, um de nós está errado e ambos estamos certos. Está aí o foco!
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