Pablo Picasso, 1904 |
Ele não sabe se fez a coisa certa. Desistiu dela. Deixou de a procurar. Evita falar-lhe. Ama-a. Odeia-a, também. Este é o sentimento mais importante e adequado perante a situação. É o sentimento mais promissor à sua vida, ao seu futuro. Longe, ela permanecerá dentro dele e as memórias deixá-lo-ão como que corrompido perante o próprio. Dirá “nunca mais consegui ser verdadeiramente como sou”. Não percebeu que já é outro. O próprio já não é ele próprio. Ela mudou-o. Ele mudou-a. Não pode mais voltar a desistir de desistir dela. A relação mudou. Terminou. Um fim que é já por si o embrião de novas esperanças e planos e finalmente uma nova relação. Promissora! Outra vida cresce ainda sem nascer. Mas ele, mesmo sem cruzar olhares e outras cumplicidades com ela, leva-a consigo sempre. Mesmo sem se tocarem, sem se falarem, ela existe nele. Ele desta vez não vai desistir de desistir dela, mas jamais conseguirá largá-la. Porém sabe que ela já o largou há muito.
2 comentários:
Há adeus que não passam de um até já. Um até já tão breve, que nem sabemos se a despedida aconteceu, mesmo que tenha acontecido.
Bom texto Bruno, e amanhã vou apresentá-lo lá no meu espaço
Aprecio muito a narrativa breve, sobretudo quando, como aqui, aquilo que a tornaria longa não faz falta nenhuma.
Uma leitura que conta...
Lídia
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