Isto às vezes é tremendo porque a gente quer exprimir sentimentos em relação a pessoas e as palavras são gastas e poucas. E depois aquilo que a gente sente é tão mais forte que as palavras...
A 2 de Maio de 1945 o exército da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas tomava o Reichstag. A bandeira vermelha com a foice e o martelo, hasteada por um soldado soviético, ondulava em Berlim. Passados alguns dias, a 8 de Maio de 1945, a Alemanha nazi assinava a sua rendição incondicional. A 9 de Maio o povo soviético comemorava em Moscovo a vitória na «Grande Guerra Patriótica», fazendo esse dia passar à História como o «Dia da Vitória». Tinha terminado a II Guerra Mundial no continente europeu, seguir-se-ia a derrota do Japão imperial no continente asiático. [1]
Discursos de Stalin
Esta é uma raridade, legendada até agora em poucas línguas: o discurso de Stálin na Praça Vermelha diante das Forças Armadas, no aniversário de 24 anos da Revolução Bolchevique de Outubro, a 7 de novembro de 1941 - assim nos apresenta o vídeo legendado e publicado pelo canal de Youtube Pan-Eslavo Brasil.
O autor da tradução e legendagem contextualiza o primeiro vídeo:
Em plena invasão dos nazistas alemães à União Soviética, iniciada em junho de 1941, e com o inimigo às portas de Moscou e Leningrado (atual São Petersburgo), Ióssif Stálin, Secretário-Geral do Partido Comunista (bolchevique) da URSS, toma uma decisão ousada: realizar a parada de comemoração do aniversário da revolução socialista nas mais duras condições, sob cerco e sob forte tensão. A justificativa é a de que o mesmo foi feito com sucesso em 1918, durante a Guerra Civil Russa, comemorando-se o primeiro aniversário da Revolução de Outubro, enquanto as tropas brancas e seus auxiliares estrangeiros cercavam militarmente o governo bolchevique.
Trata-se do excerto de um informe de Iosif Stalin, líder soviético, à sessão solene do Soviete de Moscou de Deputados Trabalhadores com organizações partidárias e sociais da cidade de Moscou, ocorrida a 6 de novembro de 1944, informe cujo texto foi publicado na íntegra na edição do jornal Pravda do dia seguinte. [2]
Nova tradução e primeira legendagem do discurso do líder soviético Iosif Stalin celebrando a capitulação total do exército alemão e a vitória da URSS e seus aliados na Segunda Guerra Mundial, a 9 de maio de 1945. Foi transmitido em russo pelo rádio a toda a população, e constitui um documento histórico da maior importância. [2]
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[1] Introdução retirada ao texto de Ângelo Alves no Avante!, aqui.
[2] Vídeos e textos retirados do excelente canal de Youtube Pan-Eslavo Brasil.
Isto está tudo ligado. Conheço um homem que se reformou. E o que fazer com o tempo? Dedicou-se a desenvolver um hobby para vencer tédio. Então ele decidiu desenvolver uma animosidade. Boa ideia! Decidido como é comprou o Manual do Condomínio. Arranjou um épico, justiceiro e legalista motivo por causa das dispensas do prédio. As dispensas fora-da-lei beneficiam todos, excepto a lei. Foi assim que o condomínio tornou-se a sua vida. Coloriu com um estudo profundo e post-its o Manual do Condomínio. Quatrocentos de cinquenta e duas páginas a fundo. Adquiriu valências. Diz que sabe mais que um advogado. E sabe. Vai para tribunal. Sozinho, contra restantes condóminos. Coragem. Uma vida cheia de sentido. Um sentido! Isto está tudo ligado.
__________________ Filme: Sunday in Brazzaville
Fui sozinho. Subi ao sótão da Smup e sentei-me com antecedência nas cadeiras da frente, fiquei a observar os músicos. Sem nada ter dito ou feito, apenas sentado à espera do público, Joe McPhee tinha claramente uma áurea que só as grandes figuras míticas do Jazz e Blues conseguem ter. Céus!, como pode estar um ser raro destes num sótão na Parede?! Procurei mandar uma mensagem ao André - que não pôde aparecer por causa do canalizador - a dizer que Joe McPhee estava ali sentado a existir, como se pudesse haver seres mitológicos a existir no concreto, mas perdi o contacto do rapaz. Há momentos que se têm de alguma forma partilhar com alguém. Um pôr-do-sol não é tão belo quando se o vê sozinho, dizia-me uma amiga.
Foram chamar o público aos andares abaixo. Fez-se a apresentação da banda como sempre ali se faz. Vai começar o concerto! Simplesmente, quase sem aviso, a banda explodiu em som. Violento, como nunca em outro estilo de música ouvi. Violento, contudo, não é a palavra adequada. Como gostaria eu de saber qual a palavra que descrevesse com justiça aquilo! Soava a Liberdade. Desliguei-me pairando naquela polifonia multilingue e frenética poliritmia emocional que destruía a cada verso sónico as convenções gramaticais da música de plástico, projectado num voo saxofónico, irrepetível, transformador. Afinal, há coisas que só se deve experienciar sozinho.
Sabia, antemão, que muito provavelmente iria assistir a um dos melhores concertos de Jazz que já vi, mas jamais que iria ser tão bom. Fiquei vários minutos a observar a banda a arrumar os seus instrumentos e finalmente desci ao andar abaixo para voltar a mim. Abandonara o sótão dos seres mitológicos. Sentei-me a tentar ler o meu livro enquanto voltava ao mundo concreto. Li (ou tentei ler) sossegado entre a confusão do bar até ter condições de voltar a conduzir e voltar para casa. Definitivamente, há uma relação dialéctica entre o abstracto e o concreto, e o Jazz é um dos intermediários.
Por muito contraditório que pareça, há pôres-do-sol que se devem assistir sozinho.