segunda-feira, 24 de março de 2014

Toda a gente defende uma ditadura

Toda a gente defende uma ditadura. Conscientemente ou não, activamente ou por inércia conformista, todos participamos na luta dialéctica em favor de um dos pólos ditatoriais. Após o feudalismo a sociedade dividiu-se em dois grandes grupos: a burguesia e o proletariado. Duas classes sociais inerentemente conflituantes por terem necessidades vitais antagónicas. Do domínio de uma classe social sob a outra, surge uma de duas coisas: uma ditadura do capital ou uma ditadura do proletariado. Se no passado a ditadura do capital negou o feudalismo e criou o capitalismo, entretanto a burguesia passou de progressista a conservadora, quer ela imponha-nos a sua ditadura sob as rédeas de um regime formalmente democrata ou abertamente fascista. Agora, no nosso momento histórico, cabe ao proletariado negar o capitalismo e criar a futura nova sociedade. Defender a ditadura do proletariado é defender o fim das ditaduras. Pois, seja qual for as formas que apresentar, usualmente referida como uma democracia avançada ou participativa, a ditadura do proletariado é o motor da história que trilhar-nos-á a uma sociedade livre da exploração do homem pelo homem. Somos todos culpados. Cada um de nós é ainda antes de nascer um produto social, e estamos todos sob uma torrente de decisões políticas de ancestrais e contemporâneos nossos. Não há como fugir a isto. Quer um indivíduo assuma a sua cidadania, ou se julgue apolítico, conscientemente ou não, ele apoia uma das duas ditaduras de classe.

sábado, 22 de março de 2014

Bloco de Notas #1

(a partir de certa altura se não somos nós que desistimos as partes de que somos feitos desistem sozinhas, vou-te perdendo Maria Adelaide ao perder o som da mobília, não te afastes agora que os círios nos copos de papel caminham ao meu lado)                                            O Arquipélago da Insónia - pág 154, 6º parágrafo

Ainda anotei:
Se em vez de Maria Adelaide estivesse escrito Joana, nunca mais me levantaria da cama. 

domingo, 16 de março de 2014

e Tu & Eu [conto]

Eu sou eu, e não outro. Estou aqui, não acolá. É estranho! Podia ser aquele no entanto sou eu. Comprimo a língua contra o céu da boca. Sinto. Confirmo, estou aqui, em mim. Sou eu em mim, e não noutro, acolá. Ele tem um eu dele. É estranho, mas estou aqui em mim. Comprimo a língua no céu da boca e realmente sou eu.

E se estive eu antes noutro? Se fosse aquele? Um outro estaria em mim. Como foi que eu ao nascer cresci em mim e não naquele?! Seria provavelmente melhor. Ser aquele outro deverá ser melhor que ser eu. No entanto, ele tem quase setenta anos. Não, ele tem quase oitenta anos. Tem a morte mais próxima que no meu caso. Que alívio seria morrer! No entanto, observo-o, e quanto mais perto da morte, mais ele tem pena de ter de morrer. Mas será mesmo assim? Aqui - em mim - até que vou gostando de estar vivo, mas preferia talvez ser um outro. Ter cerca de setenta anos deve intensificar o prazer de viver. Ou talvez o desprazer. Se pudesse por uns segundos eu ficar nele, saber como é ser ele e voltar de seguida a mim, ficaria a saber. Posso sempre desconfiar e tentar responder-me - em mim - a partir dos outros: tanto o negro como o mais brilhante da vida se intensificam com o aproximar da morte. Ou não, e a morte seja até ao último suspiro uma abstracção. Jamais saberei, pois em mim sempre estarei-serei.

E aquela rapariga além. Alta, morena, olhos verdes, bonita de sorriso fácil de voz e palavras doces. Como deve ser maravilhoso ser-se ela! Como será ser ela? Estar nela? Não sei se devo usar o verbo ser ou estar. Mas nunca fui bom a optar à primeira pelas palavras mais adequadas. Menos ainda perante uma bela mulher. Nova tentativa: como será ser ela? Ser nela? Estar no ser dela? Não está a melhorar. Problemas de expressão. Se por uns segundos pudesse ser nela, que sentiria e pensaria? Que desejará ela? Que vazios terá por preencher? Que falta lhe falta a ela? Se calhar é algo que não me falta a mim. Ninguém saberá se o peso que ela transporta será pior que o meu. Diria talvez, se realmente encontrei as palavras adequadas: Ninguém saberá se o peso que ela é não está pior que o meu. Peso de vazio. Em mim, isto é, dentro de mim, nada mais pesa que o vácuo. Mas e ela? Provavelmente o peso da falta que lhe falta seja completamente desconhecido do meu mundo, do eu que sou e está em mim a comprimir a língua no céu da boca. Confirmo, sou aqui com este céu e com esta boca. Continuam os problemas de expressão.

Estranho isto! Vim aqui parar em mim, quando podia ser aquele septuagenário ou a atraente rapariga acolá. Sou eu. Um outro para os outros. Repenso as palavras. Se calhar, não para melhor. Refaço as interrogações: Que ter lhes faltam e desejam? Que ser eles desejavam que fossem? Confusão: Ser-ter!! E mais: Serei capaz de me fazer entender? Existirão sequer as palavras necessárias para compreender o que tento compreender? As palavras serão a ferramenta adequada para me explicar? Não há sintaxe que resista quando a ênfase da confusão está na semântica. E a contracção da língua no céu da boca não me esclarece, confusão como resultado das contradições, da incapacidade de responder a esta estranha diversidade de se sermos nós e não outro, e estes serem todos um diferente outro. Não deve pertencer ao pensamento a resposta a este mistério do tu e do eu, independentes, de ser-ter-estares em ti e eu em mim. Este mistério a pertencer a algures, pertencerá aos sonhos. Não há sintaxe nos sonhos. E neles a semântica um espectro gelatinoso onde não há problemas de expressão.

Vou dormir. Vou para os sonhos onde consigo viver e ser noutro sem nunca sair de mim. Não se engavetam de semântica e sintaxe o indivisível divisível espectro entre eu e tu e os outros. Espectral, é isso! O sonho é gelatinoso espectro onde é explicável o verbalmente inexplicável. E pode ser-se outro sem nunca deixar de sermos nós. Sim, pode-se! Não se morre nos sonhos. Acorda-se.


Conto - ou confusão - surgido a partir de...


terça-feira, 11 de março de 2014

Dois Três Quatro Milhafres de Bata Branca

E é como estar no cemitério a ler campas
Maria Goreti, Darcília Francisca, Salustiniano Mário, José Arquimínio, Teresa Rafaela, Raimundo Augusto
e ao ler campas aprendo as texturas do mármore, da mesma forma que percebo a urbanização de túmulos em micro cidades, porque quando os vivos se distraem no sono, os mortos dão vida à urbe mortuária com a Dona Dúlia de chávena de chá nos tremeliques da mão, com o senhor Durvalino de óculos para o jornal desportivo e o Zé da Amendoeira a aparar as unhas que teimam em crescer, e ao ler campas procuro um nome
Honório Falcão, Fabrícia Antonieta, Alberto e Genésia Jesus
e juro que dois três quatro milhafres me espiam em voltas circulares, tal como em criança espiava o poço, e de um lado para o outro, em voltas circulares, procurava reflexos de alguém perdido e dos reflexos só a dona Lizélia me acenava com a mão, e quando devolvia os acenos, os meus pais
- não temos um filho normal
se diziam filho era engano ou preguiça, porque um filho que não seja normal não é filho, é estorvo, e em vez de
- não temos um filho normal
diziam entredentes
- temos um estorvo
é como estar no cemitério a ler campas à procura de um nome, lembro-me de andar em voltas circulares, e se espiava o poço a dona Lizélia acenava-me mas não era da dona Lizélia que procurava, procurava um outro reflexo como procuro um nome, e os meus pais
- andas à procura do quê
se escrevo pais é engano ou preguiça, porque um filho que não seja normal não é filho, é estorvo, e aquela gente
- estorvo andas à procura do quê
e eu juro que não sei, ando à procura de um reflexo no fundo do poço e a dona Lizélia tapa-me a vista porque a dona Lizélia é um braço esticado que acena às pessoas, da mesma forma que a Dona Dúlia não existe e é uma chávena de chá aos tremeliques, e o senhor Durvalino é um jornal desportivo, e o Zé da Amendoeira é uma unha aparada, da mesma forma que eu não sou filho, sou um estorvo
- estorvo andas à procura do quê
e o estorvo já não pessoa, é um par de ombros que se encolhem na dúvida e dois três quatro milhafres em voltas circulares iguais aos dois três quatro milhafres que peniscavam uma carcaça , iguais aos milhafres de bata branca e às seringas no meu braço, tudo isto antes do poço, e das seringas um formigueiro que subia das veias do braço à cabeça, uma sensação de ralo no fundo da banheira e se havia água agora só resta o branco da cerâmica, o mesmo branco com que os milhafres se vestem quando me furam com agulhas, e os meus pais já não pessoas mas dentes
- temos um estorvo
e as batas brancas que concordam, e as seringas que concordam, e quando voltei a casa fui ao poço e lembro-me que procurei um reflexo como hoje vou ao cemitério ler campas, e antes do poço dois três quatro milhafres que peniscavam uma carcaça e a dois três quatro metros a dona Lizélia espiava a doação do corpo, e é certo que a carcaça era uma dona Lizélia em bocados, tal como a sensação de ralo no fundo da banheira e se havia água agora só resta o branco da cerâmica, e antes do poço a carcaça da dona Lizélia, a minha mãe pasmada
- meu deus
e antes do poço, pai e mãe são pai e mãe, dado que eu sou filho, e o meu pai pasmado
- coitada da dona Lizélia
são dois três quatro milhafres que peniscam uma carcaça e a dois três quatro metros a Dona Lizélia acenava-me, e quando devolvia os acenos, os meus pais
- estás acenar a quem
e juro que não percebi
- para a dona Lizélia
e os dentes, só dentes, não pais não pessoas
- temos um estorvo
são dois três quatro milhafres de bata branca e as seringas no meu braço e tudo isto antes do poço, e das seringas um formigueiro que subia das veias do braço à cabeça, uma sensação de ralo no fundo da banheira e se havia água agora só resta o branco da cerâmica, e eu não pessoa, um estorvo, um caco quebrado, um bocado de pessoa, e o outro bocado perdeu-se, quando voltei a casa fui ao poço procurar um reflexo meu que não estivesse perdido, da mesma forma que vou ao cemitério procurar o meu nome, dado que algures há uma parte de mim, dado que se encontro o meu reflexo e o meu nome deixo de ser um estorvo e passo a ser um filho. 

domingo, 9 de março de 2014

Leproso em Contínuo Retrocesso Existencial Crónico

Não quero interrompê-lo mas acha que escrever ajuda a recuperar a nossa presença, é que não me desconsidere a loucura, sou leproso, da mesma forma que vou na rua a procrastinar o verão e percebo que me falta corpo, e são dedos e braços e pernas que me faltam, e juro-lhe que depois volto para trás a apanhar as minhas coisas, e lembro-me de em criança vaguear sozinho por labirintos e de deixar um rasto de côdeas, mas daquelas que os pardais não gostam, não me vá perder e encontrar bruxas velhas com foices e martelos, e é certo que volto atrás, sempre em retrocesso, porque sou leproso, e são dedos e braços e pernas que me faltam, mas se o faço não é para coleccionar as coisas, é para colá-las de novo no sítio
(experimentei cola e não deu)
Não se vá ainda mas acha que escrever ajuda a recuperar a presença, é que tenho um corpo em falta e não sei como sentir-me completo, e volto sempre atrás para apanhar as coisas que me faltam, porém, quando olho em frente fico com a ideia que me perdi, e juro-lhe que já não sei o caminho que devia seguir, e é certo que posso reinventar um outro caminho, mas será o mais correcto, entende estas minhas dúvidas, é sempre este permanente assalto de dúvidas, porque um dia vou na rua a procrastinar o verão e percebo que me falta corpo, e já nem se trata dos dedos, dos braços, das pernas, agora são os olhos, o nariz, a boca, e vou ficando sempre mais incompleto, da mesma maneira que a borracha se vai apagando, e eu convencido que quando se envelhece uma pessoa cresce, mas depois apercebo-me que está tudo ao contrário, e compreendo que esteja a revirar os olhos, mas por favor entenda esta confusão, e eu percebo que tem mais que fazer, mas como escreve devia saber-me dizer se escrever ajuda a recuperar a nossa presença, é que não me resta mais ninguém, e tudo isto é uma chatice, ando a perder as coisas porque sou leproso e não sei como colá-las de novo no sítio
(experimentei fita adesiva e não deu)
E é todo este processo retrocesso sem progresso de voltar atrás e coleccionar dedos e mãos e pernas e olhos nariz boca e agora mesmo caiu-me a orelha direita, e quando olho em frente fico sem saber o caminho que a procrastinação do verão me estava a dar, e se dou um passo em frente não dou, já não tenho pernas, e se pergunto às pessoas não pergunto, já não tenho boca, e é certo que não consigo olhar em frente, os olhos andam perdidos nos interstícios da calçada, e peço-lhe para não me virar as costas, está a ser mal educado, e é um facto que escreve muito bem, mas isso não lhe dá razões para me desconsiderar a loucura, e se tem dúvidas tenho um cartão que diz 
Leproso em contínuo retrocesso existencial crónico
E pode parecer repugnante, mas estes cotos são resultado do absurdo, e juro-lhe que me quero colar
(experimentei putas e não deu)
E agora lembro-me do Tod Browning e do homem que sem braços e sem pernas acende um cigarro, e como pode ver, é tudo relativo, um gajo sem corpo pode ser um gajo fascinante, mas aqui entre nós, por favor ouça, aqui entre nós, mas ouça e não me interrompa, não quero saber se tem coisas para fazer, não me chegou a dizer se escrever ajuda a recuperar a presença, mas aqui entre nós não quero ser leproso, quero voltar a estar completo, mas olhe, quando voltar para casa, ouça só isto, quando voltar para casa pense na minha pergunta, quando souber a resposta procure-me aos bocados, andarei espalhado a procrastinar o verão.

sexta-feira, 7 de março de 2014

A Comiseração do Tempo

Quando me encontro no sofá vejo-me à janela, a espiá-la pelas cortinas enquanto atravessa a rua, da mesma forma que me vejo em miúdo, na casa dos meus pais, a espiar um relógio sem números, todo ele ponteiros, e se calhar nem ponteiros mas somente tic tac, e é um relógio que não dá horas mas perturba o tempo, como ela perturba-me por se ter ido embora, deixando-me agarrado às cortinas a espiá-la enquanto atravessa a rua, de mala na mão, num resgate de últimos pertences que tinham ficado nesta casa, e depois de todos estes meses, as gavetas ainda vazias, e o copo para a escova de dentes ainda vazio, e um lado da cama ainda vazio, e toda esta estúpida necessidade de ter lá uma segunda almofada, como a estúpida necessidade de espiar pelas cortinas com ânsia de vê-la chegar, do mesmo modo que o relógio sem números e sem ponteiros e somente tic tac, e já em criança a perceber que o tempo é uma estupidez, como é uma estupidez fazer jantares para dois, como é uma estupidez virar o sono para o lado vazio com vontade de abraçar a vertigem do abandono, e quando me encontro no sofá vejo-me grisalho e gasto a espiar a rua pelas cortinas, e não foi o tempo com as horas e os minutos que me fez grisalho e gasto, foi o tic tac do relógio sem números e sem ponteiros, foi o tic tac dos passos dela que atravessavam a rua, foi o tic tac das coisas vazias que ficaram por encher, e só agora percebo que em vez de ter estado agarrado às cortinas, devia ter ido à rua para pará-la, devia tê-la parado para que eu pudesse sair da mala, e depois sim, deixá-la atravessar a rua à vontade para o sítio das coisas inúteis que se guarda no desvão da memória, entre o sítio das coisas prescindíveis e o sítio das coisas imberbes, porque na mala que ela levou, além da roupa que cá tinha ficado, além dos chinelos, do estojo de cosmética, da escova de dentes, levou uma parte de mim, levou aquela criança que, no quarto dos pais, concluiu que o tempo é uma estupidez, da mesma forma que espiá-la pelas cortinas é uma estupidez, tal como os vazios possessivos nesta casa são uma estupidez, e é quando me encontro no sofá que me vejo à janela agarrado às cortinas, com medo de puxar os estores e perdê-la de vista, da mesma forma que tenho medo de sair do areal e atirar-me às ondas, porque se mergulhasse nas águas do oceano talvez num ventre materno nascesse aquela criança que concluiu a estupidez do tic tac, e é nestes momentos que me apercebo que a criança nunca saiu de cá, que está mirrada com o peso das minhas comiserações, mas com resiliência própria sempre me fala ao ouvido para me dizer
- o tempo é uma estupidez

sábado, 1 de março de 2014

Livros Que Me Ocuparam o Sofá, a Cama, a Retrete, o Metro, a Rua, os Dias e as Noites #1

Fevereiro anatomizado:

O Sonho do Celta - Mario Vargas Llosa
Não gostei. Escrita enfadonha, com fórmulas em vez de poesia.  Alguns focos de interesse: o colonialismo no Congo Belga (actual República Democrática do Congo); a exploração esclavagista na Amazónia peruana; o colonialismo disfarçado, mas suficientemente evidente, da Inglaterra sobre a Irlanda.

Os Sequestrados de Altona 
Os Dados Estão Lançados - Jean-Paul Sartre
Gostei imenso dos dois livros. Sobretudo há inteligência. Saber escrever e apimentar texto com existencialismo. Soube-me bem. 
Guardei frases num pequeno bloco de notas:

Sequestrados de Altona (Sartre):
Pág. 64 - 3º Parágrafo
«Um dia, as palavras acudir-me-ão por si próprias, e então direi o que quero.»
Pág. 176 - 1º Parágrafo
«Sou a sombra de uma nuvem, um aguaceiro, e o sol iluminará o lugar onde vivi»
Os Dados Estão Lançados (Sartre):
Pág.46
«Falha-se sempre na vida, no momento em que se morre» 

Resistir - Ernesto Sabato
Terrível desabafo de Sabato. Sobretudo um pessimismo que me fez bocejar. Falou imenso da alienação mas sem nunca falar em alienação. O homem já devia estar com as vistas curtas e o pensamento muito cansado. 

Angústia Para o Jantar - Luís de Sttau Monteiro
Agradável surpresa. Escrita que entretém, mas que não desenvolve muito. Para mim, valeu pela experiência. 

O Papalagui -  Erich Scheurmann
Engraçado e pouco mais. Não senti profundidade no discurso. Para comentar a sociedade ocidental basta-me as obras de Marx e o materialismo histórico. 

Anotei o parágrafo mais interessante:
«Vejo que isto vos faz rir e tenho a certeza de que direis o mesmo que eu: «Se apenas temos o direito de fazer uma só coisa e não podemos participar em todos os trabalhos para os quais é necessária a força do homem, não sentiremos nem metade do prazer, se é que chegamos mesmo a sentir algum!» Estou certo de que chamaríeis louco a qualquer um que vos mandasse servir-vos das mãos para fazer um único trabalho, como se todos os outros membros do vosso corpo e os vossos sentidos estivessem doentes ou mortos.»